– Vô… Olha só o que eu ganhei!
– Uma estrela! …
Ouvi isto esta semana, no término das aulas em um colégio da região metropolitana de Florianópolis/SC, enquanto aguardava os professores para uma assembleia.
A pureza do infante, um garoto com mais ou menos quatro anos de idade, evidente no olhar, na fala e na felicidade explícita com o presente recebido por conta do dia das crianças que se aproximava, ampliou-se no momento exato em que viu o avô. Enquanto corria em direção ao ancião, mostrava o troféu conquistado no dia letivo – fruto do empenho de professoras incansáveis no nobre exercício de tão importante ofício – enquanto falava ligeiramente excitado: “vô… Olha só o que eu ganhei!” O avô, sábio e igualmente feliz no momento, carinhosamente exclamou: “Uma estrela!” Foi o que ouvi do diálogo enquanto os via se afastarem em direção à rua.
Fiquei pensando: esta conquista, importante para o garoto em tão tenra idade, valorizada por um sábio ancião é hoje realidade cada vez mais distante neste, que é um dos países com os piores indicadores em educação e onde ser professor e estar em sala de aula tornou-se ato de bravura diante de tantos desafios, que vão desde as condições mais elementares de trabalho e salários até o extremo, onde o risco é uma constante, inclusive de agressões físicas, realidade mostrada quase que semanalmente em todos os meios de comunicação.
Na verdade está complicado dar aulas, quer seja pela desvalorização e riscos aos quais os professores estão submetidos, ou pela dificuldade em abordar temas e conteúdos fundamentais para a formação plena de cidadão críticos, conscientes, pensantes e emancipados resultado pretendido com o exercício da profissão.
Romper o discurso é urgente e necessário, para que as futuras gerações, a exemplo deste garotinho, tenham um mundo melhor e possível e para que a “estrela” do professor possa voltar a brilhar em todos os dias do ano.
Que o dia reservado a homenageá-los, seja também de reflexão e luta. Que todos os profissionais da educação, toda sociedade, unam-se em prol do que realmente interessa colocando de uma vez por todas, a educação em primeiro lugar.
Ah! Mas e o resto?
O resto?
Dela advém!
Paulo Cesar Amante – Assessor de Comunicação