Em resposta a CARTA ABERTA À POPULAÇÃO BRASILEIRA RETORNO ÀS AULAS, publicada pelo SINEPE/SC em sua página, http://www.sinepe-sc.org.br/ler/retorno-s-aulas-em-carta-aberta-populacao-escolas-afirmam-que-estao-prontas-para-a-reabertura/, O Sindicato dos Professores no Estado de Santa Catarina – SINPROESC vem a público manifestar preocupação com as pressões feitas pelo SINEPE, leiam-se donos de escolas privadas e seus representantes, com relação ao retorno as aulas presenciais em Santa Catarina.

As razões são inúmeras e comprovadamente suficientes para que o momento seja de cautela e atenção redobrada, pois o que está em jogo vai muito além de empregos e da economia, até porque estamos acompanhando há muito tempo, desde a entrada em vigor da famigerada Reforma Trabalhista, a precarização das condições de trabalho e renda, e tudo que envolve a difícil relação capital x trabalho.

Claro que a crise instalada com a pandemia agravou este cenário, mas os representantes dos professores querem tão somente garantias que o que está escrito e protocolado seja efetivamente cumprido e garanta a saúde física e mental, garanta a VIDA de professores, alunos, familiares e de toda comunidade.

“O jornal El País publicou no dia 17 de Junho, estudo feito pela Universidade de Granada, na Espanha, demonstrando que colocar 20 crianças numa sala de aula acarretará 808 contatos cruzados em apenas dois dias. Isso se a criança se relacionar apenas com os colegas de classe e não tiver contatos fora de casa. Uma única pessoa contaminada nesse meio, portanto, tem um potencial de transmissão gravíssimo.” https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-06-17/colocar-20-criancas-numa-sala-de-aula-implica-em-808-contatos-cruzados-em-dois-dias-alerta-universidade.html 

Para o epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz, Jesem Orellana, o problema no Brasil é pensado de forma simplória. A pandemia em si está longe de terminar.”

O professor Fernando Ribas Feijó, médico do trabalho, lembra que existem parâmetros para medir se, de fato, o pior já passou. E, ao que indicam os dados sobre o Brasil, a resposta é não. “Para termos uma epidemia controlada, precisaríamos ter algo conhecido como imunidade de rebanho. Ao menos 60% da população com anticorpos. O que vemos em estudos de Universidades Federais, é que este número está, em Manaus, por exemplo, que tem uma das maiores prevalências do Brasil, em 15%. Estamos muito longe de atingir”, disse.

O fato é que associações médicas, entidades científicas, profissionais da saúde, infectologistas etc. tem alertado diariamente para os riscos de uma transição precipitada para a tão desejada “normalidade”, o que acarretaria em aumento ainda maior de casos de contagio e, por conseguinte, de mortes e colapso no sistema de saúde, com implicações ainda mais contundentes para a economia, pois colocaria em risco o que já foi feito de esforços para manter a capacidade de atendimento a população nas redes de saúde pública e privada.

Não nos espanta que por todo país haja manifestações da categoria contra a volta das aulas presenciais, mesmo os professores que permanecem em atividade, um aumento absurdo de horas trabalhadas na preparação e execução das aulas a distância. Utilizando meios virtuais que implicam em didática e domínio de ferramentas tecnológicas específicas, sem que para isto tenham sido treinados devidamente, os professores seguem o “novo normal” ministrando seu ofício, porém, a insegurança paira como nuvem tempestiva e por isso, com todo sacrifício exigido no momento, preferem estes aguardarem garantias efetivas para que voltem as salas de aula.

Por isso, entendemos necessário e urgente discutirmos sim este retorno, mas que seja com vistas à garantia da VIDA das pessoas e não somente pelo lucro.

 

Prof. Carlos Magno da Silva Bernardo
Presidente