O Brasil em três manchetes
“Estas são as 50 cidades mais violentas do mundo (e 17 estão no Brasil)”BBC Brasil
“Eles quebraram o meu nariz. Eles quebraram o meu nariz!”. “O desabafo é da professora Luciana Xavier, 42, agredida nesta quarta-feira (14) pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) durante uma sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), na Câmara de Vereadores de São Paulo.” educacao.uol.com.br/
“Vereadora do PSOL, Marielle Franco é morta a tiros na Região Central do Rio.” g1
Há muito tempo vivemos sob a égide da violência generalizada, trancados em nossos próprios cárceres, atrás de grades imensas que separam residências e condomínios inteiros, da “liberdade” das ruas. Cercamo-nos de cuidados nunca antes imagináveis, alimentando a indústria da “segurança”. Somos vigiados por câmeras instaladas em todos os lugares, policiamento ostensivo, guardas municipais, segurança privada, portarias 24 horas, seguro disto, seguro daquilo, seguro de tudo, tudo para manter a falsa sensação de segurança.
Sim, falsa sensação, pois nada disso impede que sejamos um dos países mais violentos do mundo, com 17 cidades entre as 50 mais violentas; o que mais mata no trânsito, por arma de fogo, infanticídios, feminicídios, truculência de todas as formas, por todos os rincões, até nos mais recônditos, onde outrora reinou a paz e a tranquilidade.
Transformamos nossas frustrações e paranoias em atos covardes, vis, praticados indistintamente, tudo pela manutenção do poder, do lucro fácil, da ganância desenfreada, ou simplesmente pela incapacidade de sermos humanos, racionais.
Os exemplos saltam aos olhos nas páginas dos principais jornais, não quero aqui questionar o papel da mídia, nem tampouco discutir a ética que a move, ou a falta desta, mas apenas afirmar que são inúmeros os exemplos de corrupção, bandidagem, violência e toda sorte de mazelas, consequências diretas e imediatas da desordem e do caos social instaurados no país, e que estampam diariamente as principais manchetes de quase todos os meios de comunicação de massa.
Esta semana, mais uma vez, nos deparamos estarrecidos com atos covardes de violência contra mulher e contra o direito de liberdade de manifestação e expressão, justamente na casa do povo, e que deveria representá-lo, no caso da professora agredida em São Paulo e, no Rio de Janeiro, o assassinato covarde de uma vereadora, mulher, negra, feminista, militante social.
Em conversa com o presidente do SINPROESC, Prof. Carlos Magno, na manhã desta quinta-feira, 15-03-18, em sua sala, na sede do sindicato em São José/SC, o Professor externou sua preocupação com o atual momento e chamou a atenção para o fato de estarmos nos tornando um Estado eminentemente policialesco e ditatorial, “basta vermos a truculência empregada pelos poderes coercitivos do Estado contra cidadão de bem em luta por seus direitos, tentando defender o pouco que lhes resta, desafiando a inercia, a comodidade, a apatia e a covardia que tomam conta do povo brasileiro em geral. É visível o aumento da violência, é equivocada a maneira de enfrentamento,” disse Carlos Magno em tom de indignação e desabafo.
“Obrigo-me a bater na já, tão desgastada tecla, mas que é sim a única maneira de sairmos deste ciclo vicioso, onde somos algozes e vítimas, chamada EDUCAÇÃO. O dia que encararmos de fato a educação com a seriedade que esta enseja, sairemos deste para o virtuoso ciclo da civilidade, urbanidade, prosperidade e justiça social. Repudiamos veementemente as atrocidades cometidas, não podemos mais aceitar calados tanta brutalidade, precisamos sair da letargia que nos mantém cegos a estes e tantos outros fatos cotidianos, que de tão frequentes já se tornaram banais, fazendo com que haja uma aura de normose, quando na verdade, continuam sendo fatos inadmissíveis em qualquer sociedade minimamente civilizada.” Finalizou o Professor.
Paulo Cesar Amante
Assessor Comunicação SINPROESC